No Spotlight de hoje, entrevistamos Aline Alegria, facilitadora da disciplina de Futurismo da Escola Estilo de Aprender.
Aline, fale um pouco sobre você e sua atividade profissional.
A minha atuação profissional é múltipla e transdisciplinar, sou bióloga e designer. Transito entre a arte e a ciência. Na escola, sempre senti que não tinha espaço pra isso, o que foi bastante frustrante. Sempre achei mais rica a experiência de traduzir o mundo de forma integral, sempre buscando fazer conexões entre os saberes. Sou uma pessoa naturalmente curiosa, atenta ao outro, e especialmente interessada em identificar pontos de convergência entre as diferentes dimensões do conhecimento, com o objetivo principal de promover a criação(design) de novas soluções, de novas formas de pensar o mundo e na criação de futuros desejáveis comuns, através de boas provocações que possibilitem a expansão do pensamento sobre o futuro e apresentando a possibilidade de acessá-lo e construí-lo de forma ativa e diversa. Acredito que esse é um ativo valioso na educação porque é um portal que se abre para um jeito novo de se relacionar com a vida. Essa abordagem mais criativa e inclusiva, incentiva novas formas de operar no mundo, o que na minha avaliação é imprescindível para o futuro.
Como concilia o que você faz com o futurismo?
O exercício de estabelecer conexões entre a biologia e o design já acontece há algum tempo, mas o futurismo é um campo do conhecimento que apareceu depois, e trouxe novas possibilidades, como a ampliação do exercício de explorar e inventar. Além disso, o que me parece fascinante no futurismo é a possibilidade de criar imagens apreciativas de futuros alternativos, já que a força do imaginário pode criar o amanhã.
A sua relação com Teach the Future de que forma potencializou o que você já fazia?
O TTF me apresentou uma nova oportunidade de prática profissional no campo da educação, que é um tema no qual já estou envolvida e tenho profundo interesse, possibilitando a integração das minhas habilidades e conhecimentos.
A minha experiência como estudante não me possibilitou pensar e nutrir o diferente, construir outras narrativas que não fossem as oficiais e não ampliou a minha percepção sobre a vida. Por isso, o que o TTF propõe e realiza é de um valor inestimável para transformar a educação.
Você é professora de uma experiência pioneira no mundo: ensino de futuros para crianças do ensino fundamental. Fale um pouco da escola que abraçou o futurismo e de como tem sido esse processo desde que começou.
A experiência de ministrar a disciplina Alfabetização de Futuros para crianças entre 6 e 10 anos têm sido uma aventura de proporção ainda incalculável.
A escola Estilo de Aprender é um oásis num sistema de ensino ainda fabril. É a primeira escola infantil que integrou futuros integralmente em seu currículo.
O que tenho percebido até aqui, é a infinita capacidade da criança criar, imaginar e celebrar a vida, ao mesmo tempo em que as visões compartilhadas pelos alunos sobre o que eles imaginam ser o futuro, são bastante distópicas e repetitivas. Dá para observar que o imaginário infantil, mesmo que tão potente, é colonizado por futuros que muitas vezes são temerosos. Então, uma das minhas missões é apresentar às crianças novas formas de se relacionar com o futuro, revelando a elas a força da imaginação na construção desses futuros desejados e como eles podem dar novo sentido ao presente.
Outro ponto muito importante é prepará-los para lidar com as incertezas do mundo no qual vivemos, celebrando a complexidade como solução e não como problema. Acredito que uma linguagem fundamental que pode ser usada nesse sentido, é a arte, porque é através dela que o desconhecido se manifesta de forma mais profunda nas crianças.